Henri Cartier-Bresson |
Sentou-se ao colo, calmo e sereno, amou, e deixou-se amar. Apesar
da simplicidade aparente deste acto, o amor encerra em si uma complexidade de
emoções, um turbilhão de vontades, medos, e desejos, que se cruzam entre si -
por vezes em harmonia, outras vezes chocando-se -, elevando a um extremo a
dificuldade de dizer: “amo-te”. Amar alguém implica a coragem de despir-se,
mostrar-se, pôr-se nu perante o outro, é deixar as emoções fluírem livremente,
sem bloqueios, soltas, em direcção à pessoa amada. O amor não escolhe idade, ou
género, o amor encerra em si a pureza maior que transcende todos os
convencionalismos sociais, e biológicos: não conhece barreiras. Embora possa
existir disfarçadamente entre sorrisos marotos, em olhares fulminantes, na
mudez do fingimento da indiferença, o amor está lá, presença constante num espírito
prestes a explodir, qual fénix na iminência de romper em chamas e esvoaçar
espalhando fagulhas de prazer e desejo. O amor pode ser contido, mas não banido:
existe, perene, na alma que o aloja!
Hood