Rui Manuel Amaral criava assim um contexto cenográfico à literatura.
Cinco palavras que me ficaram impressas na memória pelas raízes de significados que criaram. Não é tudo, assim, na vida?
Germinamos sementes de maçã, esperamos colher maçãs. Mas a audácia criativa da existência tende a congeminar-lhes outras formas, quiça laranjas, porventura morangos. Às vezes, no corropio dos dias, quando o travo fica menos sensível às expectativas, desatencionamos o palato e apreciamos o gosto do novo. A surpresa dissolve-se agradavelmente nas papilas, imprime-lhes o gosto dos sonhos não ousados. Dos que ficam impressos de alcova, amarrotados pela agitação do sono.
Gosto-lhes do desembrulho matinal, quando lhes agradeço a criação e os remeto às memórias que não guardo.
Afinal era pêssego.
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